Gestalt

Aplicações

bola feita só com partes pretas triangulo so com pontas

Enquanto isso, cada um diligencia, em seu setor de pesquisa, "espaço" disponível em que a gestalt possa se implantar legitimamente e contribuir com uma nova perspectiva. Podemos vê-la tentar conquistar seu espaço em contextos muitos variados: gestalt junto a crianças e adolescentes, casais em processos de divórcio e divorciados, celibatários ou solitários, expansão da sexualidade, grupos de mulheres, homossexuais etc. Preparação para a aposentadoria, acompanhamento dos últimos momentos da vida. Grupos especiais para: psicóticos, doenças psicossomáticas, cancerosos, alcoólicos, toxicômanos, bulímicos ou obesos, desempregados, imigrados etc.

Além disso, vemos tentativas de associar a gestalt a outras abordagens, como: análise transacional, rebirthing, bioenergética, programação neurolinguística, psicodrama, ioga, rolfing, massagem, heptonomia, eutonia, astrologia, tarô, tudo isso com maior ou menor sucesso, conforme o caso. Registramos experiências de aplicação da gestalt em domínios variados: hospitais psiquiátricos, prisões, escolas, infância, pessoas desajustadas, serviços sociais, conselhos conjugais, terapia familiar, empresas, publicidade, agricultores, dentistas etc.

Aplicações na Arte

De acordo com a gestalt, a arte se funda no princípio da pregnância da forma. O importante é perceber a forma por ela mesma; vê-la como "todos" estruturados, resultados de relações. A Gestalt, após sistemáticas pesquisas, apresenta uma teoria nova sobre o fenômeno da percepção. Segundo esta teoria, o que acontece no cérebro não é idêntico ao que acontece na retina. A excitação cerebral não se dá por pontos isolados, mas por extensão. A primeira sensação já é de forma, já é global e unificada. O postulado da gestalt no que se refere às relações psicofisiológicas pode ser definido como: todo processo consciente, toda forma psicologicamente percebida, está estreitamente relacionada com as forças integradoras do processo fisiológico cerebral.

A hipótese da gestalt para explicar a origem dessas forças integradoras, é atribuir, ao sistema nervoso central, um dinamismo autorregulador que, à procura de sua própria estabilidade, tende a organizar as formas em todos coerentes e unificados. Essas organizações, originárias da estrutura cerebral, são espontâneas, independente da nossa vontade. Na realidade, a "psicologia da gestalt" não tentou integrar os fatos da motivação com os fatos da percepção e esta foi a grande contribuição de Frederick Perls que deu origem à gestalt-terapia.

A tendência à estruturação, por exemplo, explica como os diferentes povos distinguem grupos de estrelas e reconhecem constelações no céu; a configuração ideal mais conhecida é a proporção áurea dos arquitetos e geômetras gregos, o que explica muitas das formas que se tornam agradáveis aos olhos humanos. As empresas de publicidade e os criadores de signos visuais (marcas) são grandes usuários da descoberta dos símbolos e de seu poder de atração (pregnância). Vários artistas se utilizaram das ilusões de óptica. Muitas delas são explicadas pela lei da segregação da figura e fundo, a exemplo das obras de Escher e Salvador Dalí ou dos discos ópticos de Marcel Duchamp. A ilusão de perspectiva e a proposição cubista de criação de uma cena com (sob) múltiplos pontos de vista também são explicados pela teoria da gestalt.

Através dos estudos das teorias elaboradas pela gestalt no início do século XX referentes à psicologia das imagens, foi possível criar condições favoráveis para a racionalização na construção de projetos gráficos. Reforça-se a ideia de que o todo, é mais que a soma das suas partes, existindo um envolvimento psicológico e cultural. Compreender a construção de imagens é imprescindível para a elaboração e desenvolvimento de objetos visuais, viabilizando a ampliação do acervo de soluções gráficas.

Aplicações na Psicanálise

A partir da teoria da gestalt e da psicanálise, o médico alemão Fritz Perls (1893-1970) desenvolveu uma forma de psicoterapia de orientação gestáltica. A gestaltoterapia ou terapia gestalt orienta-se segundo o conceito que o desenvolvimento psicológico e biológico de um organismo se processa de acordo com as tendências inatas desse organismo, que tentam adaptá-lo harmoniosamente ao ambiente. A prática psicoterapêutica é, normalmente, realizada em grupo e, ao longo das suas sessões, destaca-se a realização de um conjunto de exercícios sensório-motores (que trabalham as áreas sensoriais e motoras do nosso corpo) e meditativos (de relaxamento). Estes exercícios pretendem, principalmente, que os indivíduos descubram novas forças existentes em si, para poderem ultrapassar as suas dificuldades.

A gestalt-terapia, apesar da coincidência de nome, não está diretamente ligada à psicologia da gestalt. Ela foi criada pelo médico alemão Frederick Perls (1893-1970) em 1951. Perls atuou como psicanalista até 1941, mas sua formação é muito eclética e passou por importantes psicanalistas como Otto Fenichel e Karen Horney. Passou também por Wilhelm Reich e foi assistente de Kurt Goldestein, que pertencia ao grupo da psicologia da gestalt, e foi muito influenciado pela filosofia fenomenológica. Provavelmente, dessa relação, veio a inspiração para o nome da corrente.

Com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, Perls foi obrigado a se exilar e escolheu a África do Sul para morar, onde fundou o Instituto Sul-Africano de Psicanálise. No final da década de 1940, imigrou para os Estados Unidos e, lá, lançou a primeira publicação em gestalt-terapia.[5] Apesar da experiência psicanalítica de Perls, a gestalt-terapia está muito mais próxima da fenomenologia que dos princípios de psicanálise. Em primeiro lugar, a gestalt-terapia não trabalha com o conceito de inconsciente, que é central na psicanálise.

O que importa para essa corrente é o aqui-agora. A centralidade no presente, ao contrário da psicanálise, que busca no passado a elucidação do trauma, é a pedra de toque da gestalt-terapia. De acordo com Naranjo (1980), são três os princípios gerais da gestalt-terapia: "valorização da realidade: temporal (presente versus passado ou futuro); valorização da tomada de consciência e aceitação da experiência; valorização do todo ou responsabilidade".